Um pedacinho da França na América do Norte
Eu realmente não imaginava como seria a sensação de um frio de -26ºC...
Viajamos para Québec City para passar o Natal e Reveillon 2017-2018. Antes da viagem, eu tinha muitas dúvidas, desde como seria alugar um carro e dirigir com tanta neve até com que roupa eu estaria no Reveillon!!
A sensação do frio é realmente como estar dentro de um grande freezer que além de congelar, ainda venta muito (o gelo não derrete!).
A rotina de viver num clima desse é muito diferente da nossa aqui no Brasil, os pequenos detalhes como tirar as botas para entrar em casa, ser o ultimo a se vestir para sair para não morrer de calor dentro de casa enquanto espera os outros também se vestirem, colocar liquido especifico no limpador de pára-brisas porque se colocar agua congela, tomar cuidado para não escorregar quando entrar num comercio pois eles possuem uma faixa de grade de aluminio no chão para batermos os pés encharcados de neve, verificar a mensagem do celular alarmando que a bateria está com a temperatura muito baixa e por isso não conseguirá carregar, os óculos que ficam com uma camadinha de gelo e não dá para enxergar nada... etc etc fazem de toda experiência inesquecível.
Com uma temperatura tão fria, chegando quase a ser insuportável para o ser humano, fico pensando como eles conseguiram se tornar um país desenvolvido, com nivel tão baixo de pobreza (aliás, sei que existem pobres pelas pesquisas de governo, mas não vi ninguém em situação de pedinte ou de extrema pobreza). A sensação de estar num país seguro, sem criminalidade, com uma população educada é muito boa!
UMA PARADINHA NO MÉXICO...
Nossa viagem de ida teve uma parada no México e, como chegamos umas 11hs da manhã e nosso vôo para o Canadá sairia somente as 17hs, não podiamos perder a chance de dar uma voltinha pelo centro da cidade, já que fica somente uns 10Km do Aeroporto Internacional da Cidade do México Benito Juárez.
Pegamos o Metrobús (um ônibus circular expresso que vai do aeroporto até o centro - região do Zócalo).
DICA: comprar o cartão (tarjeta) nas máquinas de vendas já com o carregamento de ida E volta, pois no centro da cidade não é muito fácil encontrar lojas que fazem o carregamento para a volta.
Descemos na estação República do Chile e caminhamos a pé até a Plaza de Santo Domingo e almoçamos num "café" que, apesar do ambiente simples, tivemos um atendimento 5 estrelas pelo simpático garçom "Fernandinho" que nos sugeriu pratos deliciosos e picantes!
Essa foi nossa única experiência no México, pois não tinhamos mais tempo. Mas valeu a pena esse gostinho da culinária e dos ares mexicanos.
CHEGANDO EM QUÉBEC
Depois de uma conexão em Toronto, aterrisamos no Aeroporto Internacional Jean Lesage em Ville de Québec, Québec.
Transporte em Québec
O carro que alugamos estava num local que ficava uns 5km do aeroporto. Pegamos um táxi até lá. Os táxis que partem do aeroporto tem preço fixo (se for para algum destino dentro da região A custa CAD 16 e dentro da região B, mais distante, custa CAD 32). Os táxis que saem de qualquer localidade com destino ao aeroporto tem as tarifas calculadas no taximetro.
A cidade de Québec não tem metrô e dizem que o transporte público (ônibus) funciona bem. Outras formas de transporte público são táxi (há somente uma companhia oficial de táxi) e Uber.
Mas não consigo imaginar alguém conhecendo Québec City e arredores sem um carro particular. Mesmo com a neve por todo lado e dias de nevasca forte, é possível se locomover (com muito cuidado) com o carro. Empresas terceirizadas da prefeitura trabalham a todo vapor com tratores dia e noite limpando as principais ruas da cidade. Dessa forma, deve-se ter muita atenção em não deixar o veículo estacionado nas vias onde possuem luzes amarelas piscantes, sinalizando que haverá limpeza. E o trator precisa vir com velocidade para conseguir limpar toda a via. Algumas vezes ele vai de frente e volta de ré com velocidade e qualquer carro na via impediria esse trabalho.
Alugamos o carro no site:
Os preços são muito vantajosos e eles tem um atendimento muito bom. Na entrega do veículo, deram uma carona para nossa família até o aeroporto com o próprio carro que entregamos.
Não tem como fugir do assunto "clima". Ao chegar em Québec, em pleno dezembro, antes de qualquer impressão, a primeira é o FRRIIIIIIIIO. Depois de nos acostumarmos um pouco e colocarmos as roupas mais apropriadas, conseguimos enxergar uma cidade linda, charmosa para a época do Natal. As paisagens pareciam cenas de filmes de papai noel.
Onde se hospedar em Québec
Alugamos nossa casa no site https://www.airbnb.com.br/
Se você gosta de promoções especiais, utilize o seguinte link para obter créditos de viagem: https://goo.gl/QJTjFT
Nas viagens com a família (marido e filhos), principalmente em estadia superior a 15 dias, eu sempre prefiro alugar uma casa do que ficar num hotel. Nem sempre é possivel que os filhos já crescidos queiram sair todos os dias o tempo todo com os pais. Dessa forma, tem-se mais liberdade e vivemos um pouquinho os hábitos dos moradores locais. Logo no primeiro dia já fomos ao supermercado e compramos tudo que precisava para lanches, café da manhã, petiscos, frutas, sucos, bebidas, vinhos...
Adoro fazer supermercado em locais diferentes, comprar vinhos (todos importados rs) com preços muito baixos em comparação se eles fossem comprados aqui no Brasil.
Então nossa rotina era tomar café da manhã em casa. Tinha dia que saíamos depois do almoço e voltávamos bem tarde após o jantar. Outros dias almoçávamos na rua mas já estávamos cansados a noite e preferíamos comer em casa. Outros dias batíamos perna o dia todo e outros simplemente ficávamos em casa curtindo o calorzinho do aquecedor e nossa comidinha caseira. Sem regras, sem horários certinhos como nos hotéis...
O que fazer em Québec (no inverno rigoroso)
Devido ao frio congelante, realmente não foi possível andar tanto a pé pela cidade e fotografar aquelas paisagens lindas que vemos nos cartões postais de Québec em época de primavera-verão.
Mas o charme era o mesmo... Lindo ver aquelas casinhas cobertas de floquinhos brancos, tão brancos que brilhavam no chão. Certamente os passeios são bem diferentes daqueles possíveis de se fazer no verão.
A rua para nós era somente um local de passagem para algum lugar específico. Correr para entrar no carro, correr para entrar no restaurante, no supermercado, no shopping... enfim, dar uma corridinha básica para chegar logo num refúgio quentinho. Nada de esperar marido e filhos sairem do carro, cada um que saia já corria, pois era questão de sobrevivência... rsrs
Uma noite jantamos duas vezes. Em menos de 15min que saimos de um restaurante, entramos em outro que estava no caminho do estacionamento. Naquela noite com um frio ainda mais intenso do que o frio habitual, não foi possível chegar até o carro sem se reabastecer de um calorzinho. Então entramos em outro restaurante... Nem preciso dizer que nessa viagem passamos longe de "fast foods". Nem pensar em comer rápido. O frio lá fora nos motivava a comer bem devagar, com garçom e tudo que tinha direito.
Mas ainda assim, a cidade proporciona muita diversão.
Québec City ou Ville de Québec em francês (aliás, a lingua oficial de lá é francês - nem todos os lugares há pessoas que falam inglês, que seria a segunda lingua deles) é dividida em cidade alta e cidade baixa, sendo o funicular (ou uma escadaria) que permite o acesso entre elas.
Na cidade alta, fica o famoso Hotel Fairmont Le Château Frontenac, um castelo construído há mais de um século com vista para o Rio São Lourenço (que estava congelado!). É o maior cartão postal de Québec City e seu tamanho impressiona.
Bem em frente ao Frontenac construiram um tobogã de gelo muuuuito divertido.
Uma prancha de madeira deslizando pela pista lisa de gelo. Nem precisa dizer a adrenalina disso.
A prancha de madeira desce deslizando em alta velocidade até terminar a pista num tapete emborrachado. A sensação na descida era que aquela prancha não pararia nunca e iriamos atravessar o Rio São Lourenço de tão rápido que deslizava...
Olha um dos vídeos dessa aventura: https://youtu.be/Hzxmy5N0L0E
Na cidade baixa, há os restaurantes e cafés mais charmosos, além de diversas lojinhas.
Um lugar muito lindo é o pátio onde fica a Igreja Notre Dame Des Victoires, é o local onde o primeiro povoado de Québec começou em 1608, simbolizando a vitória francesa contra os britânicos. Aqui nasceu Québec City, a capital da Província de Québec (muitos pensam que seria Montreal), uma cidade murada, que manteve em suas ruas e estilos de construção, o mesmo charme dos castelos e casinhas da França.
Nesse lugar experimentamos um delicioso doce gelado feito de Maple Syrup, um xarope da folha da maple (folha simbolo do Canadá). Lembra um pouco o mel, porém de sabor mais delicado.
Eles preparam numa bancada de gelo, derramam o maple aquecido e com o choque térmico, ele rapidamente começa endurecer no ponto parecido com uma bala de caramelo e vai sendo enrolado num palito. Delicioso.
Arredores de Québec City
Estar com seu carro alugado, ao invés de depender de transporte público, é muito importante também para aproveitar os passeios nas regiões próximas, distantes a 30 ou 50Km. No nosso caso, circulamos muito, chegando até Montreal, distante a 250Km de Québec City, com total liberdade, sem se preocupar com horários de transporte etc.
Parc de la Chute-Montmorency
O parque fica pertinho do centro da cidade de Québec, possui uma cachoeira de altura de 83 metros, bem maior do que a altura das Cataratas do Niágara (51m) e praticamente mesma altura da nossa Cataratas do Iguaçu (82m).
Como fomos no inverno, vimos grande parte da água congelada! Precisa mesmo muito frio para congelar tanta água! Há uma ponte suspensa que é possível visualizar a água por baixo dela e uma escadaria que leva para área inferior. Quando o clima está adequado, é possivel pegar um bondinho (igual ao Pão de Açúcar - RJ) para descer e subir no local. Para visitar o parque não há custo, mas para pegar o bondinho deve ser adquirido um ticket.
Parc Valcartier
O parque fica uns 35 Km do centro da cidade de Québec. Funciona similar aos parques da disney ou os aquáticos, com pagamento da entrada para brincar o dia todo (valor aproximado CAD 35 por pessoa acima de 1,32m).
No verão, é um parque aquático mas no inverno, a diversão é na neve mesmo. Muito divertido porque as bóias deslizam pelas pistas em alta velocidade e há brincadeiras com as bóias individuais e também aqueles boats para a familia toda (aí a velocidade é grande mesmo!).
Para subir, há engrenagens que levam as bóias individuais com a pessoa junto. Assim facilita bastante.
Com a velocidade da bóia, a neve levanta batendo nos olhos e literalmente queima qualquer parte do rosto que estiver exposto. Os óculos também não ajudam tanto porque embaçam. Então eu enfiava o capuz em todo rosto, fechava bem os olhos e apenas sentia aquele frio na barriga daquelas descidas ... A cada descida, buscávamos o refúgio dos cafés que tinham pelo parque para recuperar o movimento das mãos e pés... não é exagero, é frio mesmo!
No mesmo complexo, com pagamento adicional, é possível brincar em águas mornas no parque indoor Bora Parc Valcartier.
Nós queriamos brincar na neve, então dispensamos a fila enorme desse parque aquático. Só depois descobrimos que "brincar na neve" não era para qualquer um rsrs.
Ainda no mesmo Valcartier Village, é possivel conhecer o Ice Hotel (ou Hôtel de Glace ou Hotel de Gelo) ou se hospedar nele.
A estrada para chegar no Valcartier é deslumbrante...
Fotos: cafés espalhados pelo parque
DICAS DE ROUPAS
Para vencer o inverno rigoroso com temperaturas negativas chegando a -26ºC e considerando que o vento aumenta muito a sensação de fio, tornando o simples caminhar de menos de 2 min quase insuportável, esqueça qualquer roupa de inverno do Brasil. Casacos, calças e calçados que utilizamos congelam imediatamente nesse freezer!
Antes da viagem, eu pensava que conseguiria utilizar uma calça comum (veludo, jeans couro) e precisaria de uma calça impermeável (aquelas próprias de neve) apenas se fosse entrar em contato com a neve, esquiar etc. Mas puro engano.
Eu usei calça de neve até na virada do ano novo! É muito necessário utilizar uma calça que seja impermeável e que tenha na parte de dentro um material quente, de forma que a pele fique bem distante do ambiente externo. Aqueles materiais acolchoados funcionam bem.
Para considerar uma roupa boa ou ruim para o clima, é necessário saber quanto tempo você pretende ficar ao ar livre. Acredite, cada minuto conta muito.
Outro ponto de atenção é com relação às luvas. Aquelas que possuem touch, para utilizar o celular, não funcionam nadinha nesse clima tão frio. É necessário colocar ela e outra por cima, bem mais grossa, aquelas que são utilizadas para esquiar. Não dá para ser tão chique nesse frio, mas a necessidade faz a moda...
O nariz e o máximo do rosto também devem estar protegidos. O material certo é aquele que não permite a entrada do vento.
A touca deve ter um forro interno para bloquear o vento também.
Os calçados são uma história a parte. Nem pensar em utilizar nossas botas lindas, de salto, de couro, etc. Elas não funcionam e os pés vão ficando congelados, começam a formigar.
Devem ser utilizadas botas com solado de borracha, totalmente impermeáveis e com lã do lado interno. Mesmo que não seja para esquiar ou pisar na neve, servem para combater o frio intenso. Claro que nem é preciso mencionar que são necessárias meias apropriadas (aquelas que seguram o calor do corpo e deixam os pés transpirarem), além de calça e blusa segunda pele que também seguram o calor do corpo.
Apenas um bom casaco impermeável é importante. Não esquecer que em todos os lugares há aquecimento e normalmente tiramos esse casaco para ficar mais a vontade e não morrer de calor.
Eu usei praticamente todos os dias a calça e botas da foto ao lado e variei o casaco, touca e protetor de boca/balaclava. Meu marido também usou direto a calça, botas Timberland e o casaco ao lado. Trocava somente as roupas internas e lavamos as externas. E também nem era viável comprar tantas roupas que nem pensaremos em utilizá-las aqui no Brasil...
Levei várias outras roupas do nosso inverno mas elas nem sairam da mala!
E como resolver a logística da compra já que os melhores preços e qualidade das peças seriam no Canadá mas precisaríamos nos proteger logo na chegada? Acho que não seria tão viável chegar e correr para as lojas...
Uma dica excelente para adquirir produtos ótimos e baratos no Brasil é a Decathlon (http://www.decathlon.com.br). A roupa de meu marido foi comprada lá. A calça custou aproximadamente R$ 160 (equivalente a US$ 50), ele fez essa opção devido ser bem leve e ter o tamanho extra grande! Ficamos surpresos que essa foi uma das melhores aquisições, pois esquentou bem e funcionou naquele frio extremo. A minha calça comprei numa promoção em Las Vegas, é para uso profissional em esqui e custou US$ 170 (aqui no Brasil custaria, em media, R$ 1.800!). É um investimento necessário, talvez a unica roupa que precisa ser comprada, além do casaco.
No Canadá, 2 lojas que recomendo para comprar roupas de frio extremo são: A Simons, uma loja de departamentos que possui várias ofertas (https://www.simons.ca) e principalmente a Sports Experts (https://www.sportsexperts.ca) por possuir roupas específicas de neve e esportes, como se fosse a Decathlon aqui no Brasil.
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